me dê sua mão,
vem comigo
vamos correr meio mundo
em busca de um porto para o céu
onde pegaremos um barco a vela
destinado a algum lugar longe
longe de tudo
quando poderemos ser felizes
vamos,
acelere o passo
suba montanha,
desça rio,
atravesse lago
e se precisar te ajudo
mas seja depressa
o momento é agora
não podemos esperar
segure firme,
agarre-se na cauda de nuvens
pule florestas, cidades, pastos
somos eu e você em busca
de você e de mim
não pergunte
sinta e não pense,
estou aqui
veja a estrada aberta até nosso porto
-visível para nós dois apenas-
e, avistando o grande lenço branco
despedindo-se dos quatro ventos,
aperte o passo
chegaremos a tempo
e finalmente embarcaremos
rumo alguma estrela
onde a luz do dia não se apaga com a noite
e a vida é possível
(ao seu lado)
Márcio Maffili Fernandes
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2 comentários:
Caro amigo,
Obrigado pelas suas palavras, o epíteto de 'engenheiro das palavras' deixa-me lisonjeado, sinto-me um João Cabral de Mello Neto, cujos versos excedem até mesmo o que Poe descreve como sendo 'exatidão' em sua Philosophy of Composition. Ademais, creio, como eles, que literatura é procedimento, é artefato, as palavras são argilas nas mãos, ainda que inexperientes, de artesãos como me considero.
Mas se eu seria um João Cabral para nossa amizade, quem seria você com as aventuras possíveis, com os sonhos possíveis e com essa ânsia de estar 'do outro lado de cá' desse poema?
Creio que nele existe uma pureza cândida como a de Cecília Meirelles (sim, a dos versos infantis, para as crianças, que ainda vêem muito mais que nós, já acostumados à nossa miopia, que Hernance nos lembra, em bom momento) e também aquela inesperada assimetria de um Álvaro de Campos.
Que lindos versos, por eles entrevejo o brilho do seu olhar amigo e o frescor dessa ânsia de aventura que aprendo a admirar a cada dia. Seria um convite? Quero ir contigo.
Que Deus esteja contigo, onde esteja, que ele sempre nos conceda 'o dom de nos ampararmos mutuamente'...
lindoooooooooo
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